Crônica: Passar a borracha e os caminhos bifurcados

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Por: Sérgio Sant’Anna*

Às vezes, achamos que é só passar uma borracha e pronto. Assim como há exercícios que não conseguimos resolver, mesmo após inúmeras tentativas, a vida nos reserva os mais distintos contornos, os mais bifurcados caminhos, todavia caso não saibamos onde estacionar o nosso destino, qualquer lugar serve.

Essas telenovelas que se ocupam da tarde, não digo as mexicanas do Sistema Brasileiro de Televisão, porém aquelas que são reprisadas na Rede Globo, quando consigo vê-las as memórias são revisitadas, o pretérito toma-me conta e a nostalgia ancora. São as saudades de um tempo que não volta, é a afetividade enlaçada a um momento importante durante a vida. São nesses momentos que o olfato desperta e aquele perfume aproxima-se como se fosse agora. A música me pega, contudo são as sensações corporais que me levam a viagens inimagináveis.

Esta semana, já aconteceu antes, estava tomando banho numa temperatura elevada, pois o frio de outono havia chegado (antes do veranico de maio), quando saí do box uma mínima corrente de ar mais frio me pegara, não sei de onde veio, dessa forma o arrepio foi inevitável e com ela o transporte mnemônico para os invernos e outonos com banhos frios, alguns de canequinha, porque a energia elétrica estava interrompida pela ausência de pagamento, ou o chuveiro estava queimado, uma sucessão de empecilhos. Estes que se ocuparam de um passado que insiste em me rondar, perambular pelos vales deste cérebro docente. Hoje não fazem mais parte do meu cotidiano, todavia a vida não é fácil. É fácil apenas para aqueles que insistem na venda de livros de autoajuda e atendem como “coach”, e juram possuir a fórmula da felicidade.

De fato, a vida não é fácil, porém quem te disse que as dificuldades não existiriam¿ Como disse Vinicius de Moraes: “Tristeza não tem fim, felicidade sim”. Bauman usa sua modernidade líquida para explicar que a felicidade assim como a tristeza são efêmeras. Portanto, escolha caminhos e não passe a borracha.

* Sérgio Sant’Anna é Professor de Língua Portuguesa do Anglo e COC Professor de Redação da Rede Adventista e Jornalista.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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